Embora a produção de caminhões tenha crescido 15,7% em maio, quando se compara com abril, os números dos primeiros cinco meses do ano estão abaixo em relação ao período em 2022. O resultado foi divulgado pela Anfavea, associação que representa as montadoras.
Dessa forma, enquanto no mês passado as montadoras fabricaram 8,4 mil veículos, em abril, a produção foi de 7,3 mil unidades. Contudo, no acumulado, enquanto este ano as marcas produziram 40,1 mil veículos, no ano passado faturaram 58,4 mil em igual período. Portanto, neste ano ainda há um deficit de 31,3%.
Seja como for, na comparação com maio do ano passado há queda de 5,5 mil unidades. Ou seja, queda de 39,8%.
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De acordo com Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, a produção bem abaixo em relação a 2022 ocorre em virtude do aumento dos preços dos caminhões. E obviamente os empresários foram as compras, mas de unidades de Euro 5 em estoque. Afinal são caminhões mais baratos.
“O efeito de pré-compra é natural quando ocorre a mudança de fase tecnológica como da Euro 5 para a Euro 6. Mas estamos vivendo um momento com baixa de crédito e alta dos juros. O que inibe novos investimentos”.
Produção de ônibus
Do mesmo modo, o setor de ônibus, mesmo se recuperando dos efeitos da pandemia, também sofreu retração. Ou seja, a indústria produziu 1,9 mil unidades em maio, fechando com crescimento de 19,6%, frente ao mês de abril, com 1,6 mil unidades. Porém, no acumulado há registro de queda.
Em contrapartida, no acumulado, de janeiro a maio de 2023 as empresas produziram 7,6 unidades ante as 10,3 mil fabricadas nos cinco primeiros meses de 2022. Em outras palavras, retração de 26,6%.
Segundo Bonini, parte dos chassis feitos no ano passado estão sendo encarroçados agora. Portanto, natural que ocorra a retração. Porém, vale lembrar, que os efeitos das altas taxas, a baixa no crédito, bem como o aumento nos preços dos veículos impactam os resultados de vendas.
MP 1175/23 pode ajudar a vender veículos pesados
Seja como for, durante o evento de divulgação dos resultados, Geraldo Alckmin, vice-presidente da república, fez o lançamento oficial da Medida Provisória 1175/23. A MP visa ajudar reaquecer a venda de veículos 0-km. Dessa forma, concedendo descontos para quem comprar caminhões e ônibus Euro 6. Mas desde que na troca dê como “entrada” um modelo mais velho. A partir de 20 anos de uso.
O Governo Federal vai investir R$ 1 bilhão, sendo R$ 700 milhões para compra de caminhões. E R$ 300 milhões para destinados aos ônibus. Os veículos terão descontos progressivos, conforme o PBT. Nesse sentido, os descontos podem chegar a até R$ 90 mil.
Assim, para obter tais descontos o transportador, ou autônomo, terá de levar o caminhão até a concessionária. Porém, o veículo deve estar com documentação em dia e em condições de rodagem. Cabe ao concessionário encaminhar o veículo velho ao desmonte.
Fazendo a roda girar
Vale lembrar que o programa visa tanto incentivar a compra do veículo 0-km, como ajudar na renovação da frota. Nesse sentido, não tem relação com o Programa Renovar.
Mas na prática quem compra caminhão novo, dificilmente tem um velho, com idade superior a 20 anos, na frota. Portanto, segundo Bonini, o transportador autônomo de carga, geralmente o dono do caminhão mais antigo, pode revender o seu caminhão antigo ao transportador. E com o valor adquirido comprar um outro com menor ano de uso. E assim ir renovando.
Por sua vez, o transportador que comprou esse caminhão pode levá-lo ao concessionário. E receber o desconto cedido por meio da MP para comprar o Euro 6.