Na semana do Caminhoneiro confira a entrevista com Luiz Paulo Froiz

A Semana do Caminhoneiro é uma oportunidade especial para reconhecer e celebrar os profissionais que mantêm o nosso país em movimento. A FECAM RS apresenta a história de Luiz Paulo Frozi, um caminhoneiro de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, que com 29 anos de estrada, já acumula uma sólida trajetória na profissão.

Luiz Paulo é casado e pai de dois filhos, e desempenha um papel vital na economia e no cotidiano de todos nós. Vamos conhecer um pouco mais sobre sua experiência e perspectivas na entrevista realizada pela FECAM RS.

P – O que o motivou a se tornar um caminhoneiro?
R – Minha motivação para me tornar um caminhoneiro está profundamente enraizada na minha história familiar. Todos os homens da minha família, gerações após gerações, foram caminhoneiros.

Essa herança familiar foi uma influência significativa em minha decisão de seguir essa carreira. Acredito que há algo especial em carregar o legado da minha família, e isso me deu uma motivação extra para seguir os passos deles.

P – Quais são os maiores desafios que você enfrenta nas estradas?
R – Um dos maiores desafios que enfrento nas estradas é a falta de segurança. Infelizmente, esse é um problema recorrente em muitas das rodovias e estradas por onde passamos diariamente. A violência nas estradas, como assaltos e roubos de cargas, é uma preocupação constante para nós, caminhoneiros. Isso não apenas coloca em risco nossas vidas, mas também afeta as empresas e a economia como um todo.

Além disso, as condições precárias das estradas também são um grande desafio. Buracos, falta de sinalização adequada e má conservação das vias aumentam consideravelmente os riscos de acidentes e danos aos veículos. Essas condições podem tornar uma viagem já desafiadora ainda mais complicada.

P – Qual é a viagem mais memorável que você já fez e por quê?
R – Uma das viagens mais memoráveis que já fiz foi durante a semana que antecedeu o Natal de 1995. Nesse período, o estado de Minas Gerais enfrentou uma série de enchentes, o que tornou a jornada extremamente desafiadora. Tive que fazer muitos desvios de rota devido às estradas alagadas e bloqueadas, e a situação ficou ainda mais complicada pelo fato de ser uma época em que todos desejam estar em casa com suas famílias.

Lembro-me vividamente das estradas inundadas, da incerteza sobre o que encontraria a seguir e da preocupação de que não conseguiria voltar a tempo para o Natal com minha família. Foi uma experiência emocionalmente intensa, e houve momentos em que pensei que talvez não conseguisse chegar em casa a tempo para as festividades.

No entanto, contra todas as adversidades, consegui superar os desafios e chegar a Porto Alegre no final da tarde do dia 24 de dezembro de 1995. Aquela chegada foi inesquecível, repleta de emoção e alívio, pois pude celebrar o Natal com minha família, compartilhar momentos especiais e sentir a gratidão por estar ao lado de quem amo.

P – Como você lida com longas horas na estrada?
R – Lidar com longas horas na estrada é uma parte fundamental da vida de um caminhoneiro, e para mim, a chave para enfrentar essa situação é encontrar um equilíbrio entre o descanso e a paciência.

P – Quais são os lugares mais bonitos que você já viu enquanto estava na estrada?
R – Durante minha carreira como caminhoneiro, tive a oportunidade de ver muitos lugares incríveis, mas dois deles se destacam como os mais bonitos que já tive a chance de conhecer.

Um deles é o Rio São Francisco, que atravessa diversos estados do Brasil. A beleza das águas do Velho Chico, com suas margens verdejantes e os cânions em certas regiões, é simplesmente espetacular. Dirigir ao longo das estradas que acompanham o curso do Rio São Francisco é uma experiência única, e as paisagens que se desdobram diante dos olhos são de tirar o fôlego. É um exemplo da riqueza natural do nosso país.

Outro lugar que sempre me marcou é a rodovia Rota Verde, que liga os estados da Bahia e Sergipe. Esta estrada é cercada por uma vegetação exuberante, com coqueiros, palmeiras e uma vista deslumbrante do Oceano Atlântico. À medida que você percorre essa rodovia, é possível apreciar as praias paradisíacas, as dunas de areia e os cenários costeiros que fazem desta rota uma das mais bonitas do Brasil. É como dirigir em um cartão postal.

P – Quais são as principais mudanças que você observou na indústria de transporte ao longo dos anos?
R – Uma das mudanças mais significativas que observei na indústria de transporte ao longo dos anos é o aumento no número de profissionais sem experiência e qualificação adequadas ingressando na profissão. Antigamente, a profissão de caminhoneiro costumava atrair pessoas que se dedicavam a ela a longo prazo e que, muitas vezes, vinham de famílias com tradição na área. Esses profissionais tinham uma compreensão sólida das nuances da estrada, da manutenção de veículos e das melhores práticas de segurança.

P – Existe alguma história engraçada ou incomum que você possa compartilhar de sua carreira como caminhoneiro?
R – Compreendo que ao longo de uma carreira como caminhoneiro, muitas histórias engraçadas e incomuns possam acontecer, mas nem sempre é fácil lembrar de todas elas no momento.

P – Como você mantém o contato com a família durante suas viagens?
R – Manter o contato com a família enquanto estou na estrada é essencial para mim. Atualmente, a tecnologia facilita muito essa comunicação, e uma das maneiras mais eficazes que uso é por meio de vídeo chamadas. Com um smartphone ou tablet e uma conexão à internet, posso fazer videochamadas com minha família e ver seus rostos, mesmo estando longe. Essas conversas em vídeo proporcionam uma sensação mais próxima de estar em casa, o que é reconfortante durante as longas viagens. Além disso, também utilizo mensagens de texto e ligações telefônicas para manter um contato constante e informar minha família sobre meu progresso e bem-estar na estrada.

P – Quais são as melhores dicas de segurança que você pode compartilhar com outros caminhoneiros e motoristas?
R – Uma das dicas de segurança mais importantes que posso compartilhar com outros caminhoneiros e motoristas é evitar trafegar à noite, sempre que possível. Embora nem sempre seja viável evitar completamente a direção noturna, limitar o tempo na estrada durante a noite pode reduzir significativamente os riscos e melhorar a segurança

P – O que você mais gosta na profissão de caminhoneiro?
R – Uma das coisas que mais aprecio na profissão de caminhoneiro é a oportunidade de fazer amigos em todos os lugares por onde passo. A estrada é um ambiente único que me permite conhecer pessoas de diferentes regiões, culturas e origens. Durante as paradas em postos de gasolina, pontos de descanso ou até mesmo durante a carga e descarga, tenho a chance de interagir com colegas de profissão, funcionários de empresas, moradores locais e outros viajantes.

Essas interações enriquecem minha vida de maneira especial, pois posso trocar experiências, aprender sobre novos lugares, ouvir histórias fascinantes e criar laços com pessoas que, de outra forma, nunca teria a oportunidade de conhecer. A camaradagem entre os caminhoneiros é algo muito valioso, e essas amizades criadas ao longo da estrada são frequentemente duradouras e significativas.

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