Após ficar preso na estrada durante as enchentes no RS, caminhoneiro está parado na Argentina em meio à nevasca

Exército também foi mobilizado para ajudar nos resgates por conta das nevascas e avalanches que são registradas

Rogério Ferri, caminhoneiro, saiu de Osório, no Rio Grande do Sul, com destino a Santiago, no Chile, para entregar uma carga de motores. No entanto, desde o último fim de semana, ele está isolado em Uspallata, Argentina, devido a uma forte nevasca que atinge a região. O Exército também foi mobilizado para ajudar nos resgates por conta das nevascas e avalanches que são registradas.

Esta viagem representa mais um desafio para Ferri, que recentemente enfrentou enchentes no Rio Grande do Sul. Atualmente, ele lida com o frio intenso e a incerteza sobre quando poderá retomar sua jornada. “A gente já está meio que acostumado. Se bem que, para o frio, a gente nunca acostuma. Mas já é meio que normal para essa época do ano, então já teve vezes que foi pior”, comenta Ferri em entrevista ao Correio do Povo.

Condições precárias

O caminhoneiro destaca as condições precárias em que se encontra, mencionando a falta de comodidades básicas, como banheiros acessíveis. “Agora ainda tem um banheiro aqui no posto de gasolina, só que o chuveiro é caro. É na base de quatro mil pesos argentinos, que vai dar quase vinte reais. Essas questões aí é que a gente acha ruim”, relata. Ferri espera que as condições meteorológicas melhorem até domingo, permitindo que ele conclua a entrega e retorne ao Brasil.

Histórias de adversidade

No mês passado, Ferri enfrentou outro grande desafio quando as chuvas devastaram o Rio Grande do Sul. Ele iniciou sua viagem no mesmo dia em que as condições climáticas começaram a piorar. Ao passar por Lajeado, na BR-386, encontrou barreiras caídas, forçando-o a parar em um restaurante em Marques de Souza. “O dono do restaurante foi um pai para nós. Cedeu tudo o que tinha de comida, então fiquei lá de segunda a domingo, mais ou menos, quando começou a liberar as pistas”, relembra.

Novo imprevisto na estrada

Apenas 45 dias após o incidente no Vale do Taquari, Ferri se encontra novamente preso na estrada, desta vez devido à nevasca. Ele chegou à região de Mendoza no domingo passado e foi escoltado pela polícia até Uspallata na quarta-feira. Agora, ele aguarda o fim da nevasca para seguir para Santiago do Chile, a cerca de 250 km de distância.

Ferri realiza cerca de 10 viagens por ano pela linha do Mercosul, abrangendo países como Chile e Peru, totalizando aproximadamente 50 viagens nos últimos 7 anos. Suas viagens normalmente duram cerca de 20 dias, mas em algumas ocasiões podem se estender por até 52 dias. Apesar dos desafios climáticos e da saudade do filho de 6 anos, Ferri continua firme em sua profissão. “A saudade o cara vai acostumando, mas tenho um ‘piazinho’ de 6 anos e sinto a saudade dele, mas não dá para pensar muito, senão o coração amolece”, desabafa.

Fonte: Correio do Povo – Autor: Brunela Maria 

 

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